Mirabilândia – um parque de ilusões
TAPETE MÁGICO
Conta a lenda adormecida que Mirabilandia é a soma das primeiras silabas dos nomes das filhas do dono de um parque que existe entre Recife e Olinda. Nada mais puro sangue brasileiro: sílabas para criar outro nome, outra ilusão. Nas cidades e no país onde seus habitantes estão sempre à beira do abismo, um parque de diversões pode ser um amuleto para que o sufoco da vida cotidiana seja aliviado uma, duas, três horas seguidas. O resto do tempo, o tempo é a vida real. O doce vermelho da maçã do amor não dura para sempre. Imagens feitas em um parque de diversão podem refletir na pele da maçã do amor: do alto da roda gigante é possível ver o mar. O mar é a pele úmida da cidade. Entre o susto e o grito as luzes acendem: o amanhã poderá vir antes da caveira do trem fantasma cair sobre o colo de algum passageiro. Somos outros quando estamos em um parque de diversões. O super tornado é uma a montanha russa que faz o grito e a emoção lamberem cada rosto. Monstros e super-heróis são capazes de sorrir. No chapéu mexicano a imagem gira: vê cada ilusão pelo lado de dentro e o olho de vidro de quem a vê pelo lado de fora.
Diógenes Moura
Escritor | Curador de Fotografia |Editor
Exposição em cartaz de 23 de Agosto a 23 de outubro de 2022 no Estúdio 41, em São Paulo.